Para minha mãe

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Era uma vez uma mulher incrível que sonhava em ser mãe. Mãe de menina. Quando essa mulher descobriu que o bebê que carregava na barriga era mesmo do sexo feminino, foi a maior felicidade de todas. Ela já se imaginava nas apresentações de ballet da pequena em alguns anos. E no bebê virando uma criança que sonhava em ser uma princesa e andar sempre linda de unhas feitas e brincos enormes. Esse bebê brincaria muito de barbie e de boneca e adoraria usar todos aqueles vestidinhos chiquérrimos que habitavam o seu armário. Mas como bem dizem por aí, o bebê da cabeça da mãe quase nunca é o mesmo que ela carrega na barriga. Essa mulher é a minha mãe. E bom, o bebê que ela carregava há 28 anos atrás na barriga, era eu. E não, não demorou pra minha personalidade altamente “masculina” vir a tona. Com dois anos eu entrei no ballet, com dois anos e um mês, eu pedi pra sair. Com três anos, eu chorava cada vez que minha mãe pedia pra eu escolher entre os duzentos vestidos lindos que eu tinha. Com quatro anos eu decretei que queria ser menino e ponto final. E por TODA a minha infância, minha mãe não demonstrou que eu era o oposto da menina com a qual ela sonhou a vida inteira. Eu tive tooodos os bonecos que eu quis e as roupas que eu quis. Se a minha mãe pirou porque em 28 anos, minhas unhas prestaram por no máximo um ano? Provavelmente, SIM. Se isso afetou a forma dela me tratar nesse tempo todo? Nem por um segundo. Ninguém mais do que a minha mãe é responsável pela minha confiança, minha transparência, minha autenticidade, enfim, tudo que é derivado da coragem de ser quem eu sou.

Eu implico com minha mãe. Implico demais. Porque somos completamente diferentes. No caso, ela é IGUAL ao Felipe, meu marido.Inclusive, antes de eu sonhar em ficar com o Felipe, minha mãe já amava ele e sonhava com esse casamento (depois dizem que a força do pensamento é balela). Mas só eu sei o quanto eu devo a ela, o quanto eu fui amada desde sempre. E defendida. E compreendida. Imagina você ser chamada toda semana no colégio pra receber reclamação da sua filha? E escutar de todo mundo que a tua filha é respondona e não respeita os adultos (sorry, sua questionadora desde pequetita, ativista mirim). Brabo, né? Mas ela não deixava a peteca cair… E tá aí até hoje. Segurando as pontas pra mim. Cuidando da minha filha, enquanto eu trabalho. Suando atrás da minha filha que tá im-pos-sí-vel. Umas vezes, me convencendo de que eu não vou ser a pior mãe do mundo se não conseguir alimentar a Siena só com orgânicos , outras vezes me lembrando de que, no caso, eu tenho que alimentar a Siena. Umas vezes enchendo o meu saco porque eu não fiz a unha (sério, mãe, por que você não desiste?), outras vezes me salvando com um batom vermelho necessário. Essa é minha mãe, sendo a mãe que eu sempre quis, por mais distante que eu passasse da filha que ela sempre quis em certos momentos. Uma mãe que é tão mãe quando eu tô chegando em casa carregada bêbada chorando “porque eu vô morrêêê, me abraça. mãe”, quanto na hora de escolher o meu vestido de noiva a distância e LACRAR mesmo tendo o gosto completamente diferente do meu. Uma mãe que pede pelo amor de deus pra eu não cortar o meu cabelo maravilhoso, mas que diz que eu tô mais bonita ainda quando eu apareço em casa quase careca.

O aniversário da minha mãe foi dia 08, uma semana depois venho aqui prestar essa singela homenagem, que esse ano, mais do que nunca, eu sei que não chega aos pés de tudo que ela já fez por mim. Mamãe, o aniversário é seu, mas o presente é meu, nosso (da Jo, do papai, do Felipe, da Siena, da Maddie), todos os dias por poder contar com você pra tudo. Obrigada por conseguir abraçar todo mundo ao mesmo tempo e nunca esquecer de fazer um bolinho quando a gente mais precisa. Te amo, te amo, te amo.

Você.

Há 9 meses você muda a minha vida constantemente. Pera. São 18 meses. Toda hora, me esqueço daqueles 9 meses que guardei você dentro de mim. Aqueles 9 meses inTENSOS. Será que quando você aprender a ler, já vai estar ligada que a mamãe tem o poder de virar bicho? Será que você também vai ser assim?  Que bicho você vai virar? Mas isso é outra história. Sobre aqueles 9 meses. Foram difíceis. Nos primeiros três meses eu não tinha forças pra nada, depois eu engordei tanto que nem me aguentava, meu humor ia de mal a pior e o que eu sentia era parecido com o que sentia ao subir a Pedra da Gávea..”grrr que raiva, por que fui me meter nisso?? tô no inferno, quero voltar mas não dá mais tempo, já era.”. Conto isso pra você hoje porque esses momentos foram apagados da minha memória há 9 meses atrás. No exato dia em que você nasceu. Foi-se a barriga (gradativamente) e as lembranças daquele tempo (de uma vez só). Só fui reavê-las alguns meses depois, quando voltei pra análise e escutei do meu psicólogo que eu parecia outra pessoa. Ixi. É mesmo. Esqueci que tava louca pra me enfiar num buraco e não sair de lá nunca mais. Essa expressão dar à luz é esquisita, a sensação foi mais de receber a luz. Um banho de luz nas cores do arco íris. Puta que pariu (eu, no caso), que vida boa com você do meu lado. Que satisfação acordar com seu sorriso, suas palminhas, seu “ooooi” ou até mesmo seu chute na cara. Eu engravidaria mais trinta vezes por você. Eu aguentaria mais 300 quilos e 300 meses, eu sei que eu nem me lembraria depois e que valeria demais a pena.

Você redimensionou meu mundo, meu tempo, meu espaço. O mundo parece pequeno, o tempo curto demais. Vejo suas fotos de 1 mês atrás e como você mudou. Não quero esquecer dos primeiros dias. De quando você não fazia nada além de dormir e mamar. Não quero esquecer do seu primeiro oi, sua primeira engatinhada, da primeira vez que você sentou sem cair pro lado. E, vou confessar, sou esquecida. Sou muito esquecida. Por exemplo, eu meio que esqueci de montar seu livro do bebê. Ele tá lá, mas eu esqueço de alimentá-lo. Ai filha, a verdade é que já esqueci de quando você era uma bolinha que eu nem sei como respirava. De quando você não comia nada, só m(e)amava o dia todo, eu me esqueci. Aos meus olhos, é tudo uma coisa só. Você é uma Sieninha só. Desde o dia em que eu descobri que tava grávida e nem sabia se você era uma, dois ou três. Quando você era só uma sementinha ou agora, era e é você mesma. Você. Minha Siena. Nossa Siena. Miss simpatia, little miss sunshine. Meu banho de luz de arcoiro (depois te explico)  que conta os minutos pra eu chegar do trabalho e virar meu piercing de mamilo.
É meio-dia e eu já to pirada de saudades de você. Filha, você é mágica. Se você pra mim não muda desde o dia em que chegou, muda meu mundo pra melhor a cada segundo e vou continuar te escrevendo e te agradecendo enquanto me restarem palavras ainda não ditas.

(e de pensar que eu já me preocupei em repetir palavra no texto, não quero nem contar quantas “você” tem nesse aqui.)

2015, o ano em que deu tudo certo sem eu querer

Virei o ano tendo certeza de que não tinha nascido pra ser mãe, mas se fosse, era pra ser mãe de menino. E aí mexeram em algum interruptor lá em cima e 2015 não foi ano. Foi Ana. Hormônios multiplicados por mil. Vivi a descoberta da gravidez da minha irmã e a descoberta do sexo da filha dela. Era uma menina, era a Maddie. E no dia 3 de maio, descobri que de 2014 pra 2015, era uma taurina, com ascendente em gêmeos e lua em escorpião que eu, também escorpiana, com ascendente em touro e lua em escorpião, vinha guardando aqui dentro . Vivi também o parto da minha irmã, muito mais bonito que o meu.Descobri um pouco do que se passa pela cabeça da minha mãe. Minha vó sempre soube que um dia eu a iria entender. Entendi porque ela é tão dramática e sofre todo dia pela distância da minha irmã, porque ela quer viajar sempre comigo e porque ela chora de desespero até hoje quando eu não atendo seus telefonemas. Vi minha mãe sendo mais forte que o meu pai, pela primeira vez na minha vida. Vivi diversos puerpérios juntos ao meu. Conheci inúmeras mães e me aproximei de outras que já conhecia. Formei um círculo de amor com outras mães que serviu de apoio pra todas as vezes que eu tropecei nessa nova trilha cheia de galhos meio quebrados e pistas escorregadias. Vivi a palavra sororidade tão intensamente com elas, que quase deu pra tocar. Acompanhei amigas que viviam relacionamentos abusivos há anos, finalmente se libertarem das amarras invisíveis que atrofiavam seus sonhos. Vivi reajustes e desconstruções dentro do meu próprio relacionamento que só essa ebulição de pensamentos femininos poderia nos proporcionar. Vivo todo dia meu marido e meus melhores amigos se tornando menos machistas, a olho nu.

Nada disso importaria tanto, se 2015 não tivesse sido o ano em que eu conheci a Siena e descobri que ser mãe supera a cada dia todas as minhas expectativas. Virei mãe de uma menina linda, sem fazer a menor ideia de que era isso, exatamente, o que eu mais queria.

As aventuras de (Isa e) Siena 7- fim da licença

5 meses e meio de maternagem exclusiva. Muito peito, muito leite, muito sling, muita fralda (descartável, desculpa), algumas vacinas, muita roupinha (usada, perdida, doada, repassada), de uns tempos pra cá, muitas brincadeiras. Viagens de carro, viagens de avião. Juntas, já estivemos em oito cidades, acreditam? De três países. Muitas tias, avós e primas. Tios, avôs e primos também. De sangue e de coração. Fizemos um montão de amigos e passeamos muito aqui na nossa cidade também. Milhares de fotos, vídeos, facebook, snapchat e instagram. E de pensar que até o último dia da gravidez eu não queria a Siena nas redes sociais. É louco lembrar  que eu já havia tomado decisões sobre ela (que eu nem sabia que era elA) durante a gravidez. Mas também, quem era eu grávida? Uma louca, cheia de amor na barriga e angústia no coração. Há umas duas semanas atrás fui na análise e me dei conta de que tinha esquecido esses 9 terríveis meses. Eles foram completamente ofuscados pelos seguintes 5 e 1/2. Nesses últimos, tudo aquilo que me incomodava antes parece ter deixado de existir. Aquelas- agora- besteiras, foram parar em algum cantinho escuro, esquecido, da minha mente. Entre as despreocupações estão a barriga durinha, a magreza, a necessidade de ser convidada pras festas e encontros, estar na moda e até “ser alguém na fila do pão”. O que eu quero agora é minha Siena. É ser livre, mas só o suficiente pra me permitir pegar ela pelo braço e desbravar todo esse espaço de novo. É ensinar pra ela tudo o que eu aprendi e, ao mesmo tempo, deixar ela aprender sozinha. É contar pra ela sobre a minha visão do mundo. É ajudar a criar o mundo dela. E é ser comprometida também. Com o futuro. Não o meu futuro. O futuro da humanidade, do planeta. O futuro do pensamento coletivo.

Comecei esse texto pra dizer que voltei à vida real. À vida de antes. Voltei a trabalhar. Mas a vida nunca mais será a de antes. Porque quando eu volto pra casa, ela tá lá e quando eu acordo, ela tá lá, sorrindo pra mim e me lembrando que agora é vida normal MAIS Siena. E cá estou eu, sobrevivendo muito bem, a uma semana que eu pensei que seria insuportável e dolorida. Porque esse extra faz toda diferença. Esse sorriso da filha de manhã é força, é paz, é alegria e esperança. Mais do que nunca, ninguém me segura.

As Aventuras de (Isa e) Siena 6- Islândia 

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Acho que já há uns 3 anos tenho vontade de ir pra Islândia. Tava maturando a ideia, e eis que no meio do caminho, surge um bebê. Ok, planos suspensos, afinal, não faz sentido viajar com um serzinho de 4 meses pra Islândia. Passagens foram compradas pra Inglaterra (nós não perderíamos o nascimento da Maddie por nada), mas se partiríamos de lá pra algum lugar e que lugar seria esse, passou a ser uma incógnita. 

Acontece que como vocês sabem, não era apenas um bebê, era o melhor bebê do mundo (todas as mães sempre terão o direito de achar seu bebê o melhor, mais inteligente, mais bonito, mais gostoso, o choro é livre!), era a Sieninha, era minha nova parceira de aventuras e melhor amiga que com certeza, ia amar conhecer a Islândia grudadinha na mamãe! Então tava combinado! A gente ia sim, compramos a passagem partindo de Bristol e começamos a nos preparar.

A Islândia é conhecida como a terra do Fogo e do Gelo e também pelo clima oscilante. Enquanto estávamos lá (setembro), a temperatura não passou de 10 graus, mas tivemos momentos de Solzão e momentos de chuvas fortes. Precisava preparar a Siena pra essa friaca. Levei dois casacões tipo de neve e muitas roupas de manga comprida e calças. Além disso, meias, luvas e toucas. Um casal de amigos de Bristol emprestou um carrinho MacLaren daqueles super práticos que também já tava preparado pro frio da Inglaterra. Beleza. Quer dizer, nem tanto. Um dia antes do voo, Siena começa a tossir copiosamente e ficar com o nariz entupido. Pela primeira vez eu vi um catarro escorrendo do nariz dela depois de um espirro- medo. E agora? Felipe querendo cancelar a Islândia, mas não, afinal, até no Rio as crianças gripam, afinal, tem bebê na Islândia. Tem bebê em todo lugar gente! Não tem essa de “tal lugar” não é pra bebês!

Voo de 2 horas e meia, às 6 da matina. Siena, como sempre, rindo para todos, nessas condições. Imagina a felicidade do ser que acorda as 5 da manhã, vai pro aeroporto e dá de cara com o sorriso da Siena? Pois é! Eu e Felipe estávamos com lugares separados, eu viajaria entre dois gigantes, mas a aeromoça colocou a gente numa fila vazia! Ô, sorte! Começamos bem!

Chegamos lá e no primeiro dia fizemos o reconhecimento da área. Que cidadezinha bonita e gostosa (de ficar 1 semana). Demos uns rolés, Siena entocada no carrinho, só a cabecinha de fora, jantamos e hotel! Os locais foram super gente boa em todos os momentos. Nos dias seguintes foi tur pra lá e pra cá, ônibus, barco, trilha, montanha, cachoeira, cavalo, geyser, piscina termal, muito sling, muita soneca, golfinhos… Alguém ainda lembra que antes de ir, a pequena não tava lá muito bem dos pulmões? Pois é, parece que aquela igreja luterana fez milagre, porque melhorar de gripe indo da chuva pro sol pro vento gelado? Se eu não tivesse vivido esses dias com ela, não acreditava! 

Fico muito feliz de ter passado esses dias com ela lá! Não tem idade mínima pra apreciar e conhecer a natureza. Pra respirar um ar puro de uma cidade que parece não ter sofrido o peso de pelo menos uns 50 anos de urbanização. Muito verde e azul e pra pouquíssimo cinza, pouca gente, pouco prédio, pouca invenção. Há dias com meia hora de duração e deve ser por isso que eles conseguem manter o lugar “pequeno”, mas algum pontinho da nossa mente parece querer ficar por lá, apesar disso. Eu poderia e ainda vou escrever mais sobre o que a Islândia me fez sentir, mas por hoje, só queria lembrar o quanto posso contar com minha família pra ser a melhor companhia do mundo, faça fogo ou faça gelo.

O parto da Jo

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Fiquei devendo a segunda parte do meu post, o relato do parto da Jo aqui na Inglaterra. Pra quem não sabe, eu me planejei pra chegar aqui, com a Siena, no dia 3/9, um dia depois da data prevista pro parto. A última vez que vi a Jo, ela tava grávida de 1 mês, então ter visto ela com aquele barrigão de 40 semanas me fez muito feliz! Na madrugada do dia 6, ela entrou em trabalho de parto e segue um relato do que vivemos nesse que foi um dos momentos mais felizes da minha vida.

Minha irmã foi atendida pelo hospital público durante toda gestação, né? Como a maioria do pessoal aqui na Inglaterra. Ela começou a sentir as contrações às 3:30.. De 8 em 8 minutos por aí.. Mas eles pedem pra esperar elas virem de 4 em 4 pra ir pro hospital. Isso significa que passamos o dia todo em casa em trabalho de parto. Teve X-factor, teve Celebrity Big Brother, teve muita conversa e risadas…e ela com altas contrações de 5 em 5 minutos. Tomou um banho quente de banheira no meio disso tudo.. Conseguiu dar umas cochiladas no meio também (sim, cochilos de 5 minutos). Quando já eram umas 21, com contrações que já duravam 1 minuto cada, ela ligou pro hospital e pediu pra ir lá pra dar uma checada, se tava tudo bem e tal porque a bichinha já tava sofrendo há apenas 18 horas. É bem pertinho o hospital, eles disseram pra ela ir, mas que provavelmente eles a mandariam de volta pra casa. Chegando lá, umas 21:30, ela foi pro quarto de parto natural, que tem banheira, bola, etc e ficou sentada na bola esperando pra ser atendida. Ela disse que logo que sentou na bola, a bolsa estorou (benza), daí a parteira disse que era pra ela ficar no hospital então porque quase todas as pessoas pariam nas próximas 24 horas- so-cor-ro. A Jo disse que a partir daí as contrações ficaram bem mais fortes e a parteira ficou de voltar às 2:00 pra ver como tava a dilatação. Nessa hora ela pediu o “gas and air”, aquele gás anestésico de dentista- is this real life- porém a parteira achou que tava cedo ainda… Jojozinha guerreira. 

Um pouco depois de 1 da manhã, minha irmã chamou a parteira porque sentiu que tinha alguma “coisa” saindo dela e SIM, era o bebê que SIM, já tava com a metade da cabeça pra fora! Depois disso foram 5 minutos, só esperou uma outra contração pra expulsar o corpinho. Eles não cortaram o cordão umbilical na hora, antes disso, ela pariu a placenta intacta (uns 15 minutos depois) e aí sim, o Andy, meu cunhado,  cortou o cordão. E voilá! Assim chegou ao mundo Madelaine Freire Collett com 3,450, à 1:13 do dia 7/9 (dia que eles comemoram aniversário de casamento), de um parto 100% natural e humanizado, sem intervenção médica alguma, do ventre da mãe, direto pro colo, como a vida deve ser! 

Imaginem só o meu orgulho de ver minha irmã mais nova que não só se formou, como aprendeu a dirigir, agora parir praticamente sozinha. É como se o mundo tivesse me presenteado com uma outra parte que vai alcançar todos aqueles objetivos que eu não consegui, me poupando de uma série de frustrações. Obrigada, Jo, por mais essa página da nossa história que contempla tantos finais felizes! 

As aventuras de (Isa e) Siena 5 – a Ida

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O Felipe me levou no Galeão com a Siena e me ajudou a despachar a nossa única mala com: roupinhas pra minha sobrinha, várias fraldas e roupas da Siena, comidas brasileiras que minha irmã gosta, tipo: tapioca e ovitos de amendoim e sei lá, 6 peças de roupa minha. Além dessa mala, levei também a mochila da Siena entupida com tudo que achava que precisaria no avião. E numa bolsinha (inha mesmo) a tiracolo, o celular, o dinheiro e nossos passaportes. Ao atravessar o portão de embarque que nem uma doida, com um bebe no sling e uma mochila cheia de tralha anexada, percebi que seria um pouco melhor tratada que o normal, claro que não escapei de um “to achando que esse bebê tá muito apertado aí”.. Mas né?… Fui muito bem assistida na segurança. E rolou prioridade pra entrar no avião. Acho meio perrengue aquela espera do avião decolar.. Não consegui colocar a mochila no compartimento lá de cima, joguei no chão. Um cara chegou e sentou do meu lado, foi super solícito perguntando se eu precisava de alguma ajuda e guardou minhas bolsas lá em cima. A comissária veio me avisar de que eu precisaria usar uma extensão de cinto na Siena. Meio ruim porque ela teve que sentar virada pra frente, sem olhar pra mim. Na hora que o avião entrou em trânsito, a bichinha abriu o berreiro… Que dó!!! Vontade de tirar os cintos todos, levantar e ninar ela. Mas foram só as turbinas começarem a fazer aquele barulho mais alto e o avião se preparar pra decolar que ela ficou quietinha.. Acho que aquele barulho a acalmou. Depois que os sinais de afivelar os cintos apagaram, a moça veio colocar o bercinho. Forrei com um tapetinho que tinha levado. Levei também o travesseirinho dela e uma super manta. Enquanto eu fazia isso, meu vizinho de assento segurava a Siena! Rs. O bercinho fica bem mais alto do que eu imaginava, não dava pra eu vê-la.. Mas deixei a coberta pra fora que aí saberia se ela se movimentasse. O vôo partiu às 21:45. Antes das 23, ela já tava dormindo. Enquanto ela dormia eu comi e assisti a The Age of Adelaine (uma comédia romântica um pouco mais legal que o normal). Umas 2:00h consegui dormir e umas 4:30, uma das comissárias me acordou pedindo pra eu pegar a Siena porque passaríamos por turbulência e era perigoso ela ficar no berço. Peguei, não teve turbulência forte, mas a anjinha acordou. Aproveitei pra amamentar e trocar a fralda (espaço razoável no banheiro). Apagou de novo. Acordou no final do vôo pra mamar. Troquei a fralda de novo e coloquei o casaco. O espaço na frente da minha poltrona ficou uma zona. O pessoal foi se preparando pra aterrisagem e coloquei a Siena sentada no colo com a extensão de cinto. Dormiu de novo. O polonês que veio sentado do meu lado virou pra mim e falou: você tem o melhor bebe do mundo. Quando entrei pensei “putz essa viagem vai ser looonga”‘ mas sua bebe é demais. Morri de orgulho (imagina na apresentação de canto ou dança. Ou qualquer coisa- afinal, não posso obrigar ela a realizar meu sonho de ser uma estrela da broadway- rs). Chegamos sãs e salvas. Siena foi do colo pro sling, mais uma vez o cara me ajudou e mais uma vez a Siena continuou dormindo. Depois disso veio a imigração. Perguntei se haveria alguma fila preferencial e a menina me disse que não. No entanto, logo depois veio outra moça, responsável pela fila, me oferecer a primeira posição dela. Ainda bem, porque nessa hora a pequenina não queria ficar no sling de jeito nenhum, ou seja, tava com ela no colo e aquela mochila pesadona nas costas. A agente da imigração foi tranquila. Partimos pra esteira das malas. Pedi pra um cara aleatório pegar a minha porque eu não tinha condições. Fui uma das primeiras a sair e encontrei os pais do meu cunhado- fofos- que foram me buscar pra fazermos a viagem Londres-Bristol na qual a Siena também dormiu o tempo todo. Enfim, foi uma longa jornada que ocorreu da melhor forma possível. E a recompensa ao chegar é sempre a melhor de todas (leia-se ver minha irmã amada). 

   
   

As Aventuras de (Isa e) Siena 4- o salto

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Quando a gente vira mãe, é praticamente engolida por um turbilhão de informações das quais nunca tínhamos nem escutado falar em poucos dias. Descobri, por exemplo, que existem saltos de desenvolvimento na vida do bebê, em momentos determinados. Com quase 3 meses, ele está passando por um deles, ele está aprendendo a manter o pescoço durinho e isso pode deixá-lo mais agitado e sem conseguir dormir. Ou qualquer coisa assim. Louco, né? Estamos com 11 semanas de mãe e filha e creio que nos aproximamos desse momento. E enquanto ela treina manter o pescoço sustentado, eu treino sustentar minha independência. 

Ontem, resolvi sair sozinha pela primeira vez. Não, não foi tranquilo.Fui a um aniversário num barzinho. Barzinho lotado e quando cheguei já não tinha lugar pra sentar. Amigos novos e antigos me perguntando toda a hora “cadê a Siena?”. “Em casa, mas nem me fale, já to aqui desesperada morrendo de s…” E a pessoa já tinha ido falar com outros. Frio na barriga, preocupações, mente inquieta demais. 

Voltei pra casa uma hora depois. Ufa, ela tava tranquila. Segundo seu pai, muito comportada, dormindo como um anjinho. Fiquei olhando de cima e torcendo inconscientemente pra ela acordar e precisar de mim. Não deu outra, 10 minutos depois, ela, que há 1 semana (1 semana na vida de bebê é muiiita coisa) dormia no mínimo 8 horas seguidas, acordou depois de 3, reclamando e tentando mamar o travesseiro. Busquei, aliviada, minha bolotinha no berço e botei ela pra mamar. Fogos de artifício em pensamento… Pelo visto ela ainda me ama. Ela dormiu no meu peito e que alívio, que sentimento bom.

Foram mais várias acordadas durante a noite e chorinhos e agitação durante a manhã. Parece que a Siena está passando por um dos tais saltos de desenvolvimento. E eu to aqui pronta pra levantar quantas vezes forem necessárias e deixar você mamar o dia todo pra gente passar por ele. E vou amar te ajudar. Enquanto isso, você auxilia o meu salto. Eu ainda não sei te deixar sozinha e não pensar em você o tempo todo e me preocupar. Ainda não sei se vou voltar pra casa e de repente você não vai mais precisar de mim. Você não sabe, mas quando eu chego e você chora e me pede colo, tá me ajudando muito. A gente vai saltando junta, até o dia em que só quem vai precisar de uma mãozinha vou ser eu. E essa mãozinha já vai com certeza, ser maior que a minha.

As Aventuras de (Isa e) Siena 3- corpinho

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Não sei se cheguei a falar aqui o quanto me irritaram durante a gravidez com os comentários sobre meu corpo. Sabe aquela máxima do “se não tiver nada de bom pra dizer, fique mudo?” que as pessoas pelo menos consideram ao sair soltando um monte de lixo pela boca? Ela cai por terra quando a gente resolve ficar grávida. Todo mundo se sente no direito de fazer comentários desagradáveis, perguntas imbecis e por aí vai… Acham que porque estamos grávidas, nosso corpo vira uma obra de arte em exposição com formulários esperando opiniões. Não, obrigada.
Além do clássico “quantos quilos você engordou?” com um “AH impossíveel, não parece..” pra amenizar tudo depois da resposta, tem outras perguntas sem noção que as pessoas costumam fazer. As minhas duas “preferidas” são: “já tá com alguma estria?”Aí você diz que não e a pessoa faz 1 hora de discurso terrorista dizendo que se você não se entupir de óleo todos os dias da sua vida, você vai ficar cheia de estria. Pra começar, passava óleo quando lembrava, uma vez por semana (rituais de beleza não são meu forte), e não tive nenhuma.. e olha que engordei mais de 20 kg (por favor não comentem dizendo que não pareceu, porque pra mim pareceu). Segundo que ainda que eu tivesse com uma barriga cheia de estria, não é da conta de ninguém, eu hein… por que as pessoas acham que qualquer tipo de diferença estética entre meu corpo e o tão sonhado padrão de beleza vai ME incomodar? Desistam, eu passei ilesa por todos os alisamentos de cabelo que inventaram e sustentei meu cabelo enrolado até hoje.
O que me leva ao segundo comentário idiota que as pessoas fazem: “Nossa, seu peito cresceu muito.. você sabe que vai TER QUE colocar silicone depois, né?”. Minha vontade era responder “jura? quem vai ser o homicida com a arma na minha cabeça obrigando?”. Mas eu só dizia “eu não vou ter, né… pode ser que eu queira.. mas não..”. Enfim, não sei vocês, mas eu passei os 27 anos pré gravidez com um peito que não era o peito mais bonito do mundo e nem mais em pé do mundo. Já vi muitos peitos de pessoa pós gravidez e me desculpem se pra mim é ZERO prioridade entrar na faca e gastar uma fortuna pra ficar com o peito igual ao de todo mundo que resolve fazer plástica. Nada contra quem gosta de silicone.. acontece que eu não me sinto mal com meu peito, mesmo não achando ele lindo, então não faço questão de aperfeiçoá-lo depois que parar de amamentar e ele murchar um pouco.
Enquanto isso, Sieninha vive o lado bom da vida. Ela é bem gorducha, pelo menos é o que todo mundo diz. Mas ela pode ser gorducha, né? Ela pode ter papinho e milhões de dobras.. afinal isso é sinal de saúde. Só não sei em que estágio da vida, ser rechonchuda deixa de ser sinal de saúde pra virar sinal de feiura. Infelizmente, desde que eu me entendo por gente, ser gordinha (não estou falando de obesos mórbidos que não conseguem sair da cama, falo de todos aqueles que não são mega magros ou fitness) é “ruim”, então melhor Siena curtir essa fase, porque já já os comentários elogiando sua boa forma, virarão repreensões (dirigidas também a mim). É meio duro pensar que um dia ela vai ser (muito) julgada pela sua aparência, vai deixar de ser fofa e linda pra todo mundo e que é trabalho meu, ensiná-la que a verdadeira beleza vem mesmo de dentro, apesar de muita gente dizer isso da boca pra fora. Mas se minha mãe conseguiu fazer isso por uma gorducha e uma vesga de perna torta dentuça, vou tirar esse papo com a Sissi de letra.

As Aventuras de (Isa e) Siena (2)- Madrugadas

Hoje, quando saímos pra almoçar, eu e Felipe fomos questionados por um futuro pai. Ele queria saber quanto tempo de vida tinha a Siena, pra estar assim pirulitando na rua. Dissemos que ela tinha acabado de fazer 1 mês, e a mãe do cara, que estava ao seu lado, ficou assustada, disse que seu futuro neto só sairia com 3 meses (vale dizer que ela foi zero arrogante). A outra pergunta que ele me fez foi sobre as madrugadas, se estavam sendo muito difíceis pra mim. Disse que sua mulher estava querendo contratar uma enfermeira ou babá para ajudá-la nessas horas mais críticas.
A Siena sempre mamou de 3 em 3 horas ou menos. Desde que ela nasceu, essa virou minha referência. Dia, noite, tarde, madrugada, dá tudo no mesmo. Qualquer cochilo vai ter no máximo 3 horas e pouco. A nossa matemática é a seguinte: Siena mama às 21 horas. Até ela dormir, são pelo menos 30 minutos (ela tem que mamar, arrotar e pegar no sono e eu tenho que trocá-la antes ou depois) e mais 15 minutos pra eu conseguir dormir. Ou seja, vou dormir 00:45 e às 3 ela já vai tá chorando pra mamar de novo, no mais tardar às 4. Só eu posso (e amo, diga-se de passagem) alimentar essa coisinha. No caso, tudo que uma babá ou enfermeira poderia fazer seria trocá-la. Confesso que demorou 1 mês pra eu realmente me acostumar, no sentido de não achar um saco, com essa é a parte da rotina mãe-bebê. Acho que foi porque demorei a dominar a arte do não-colocar-a-fralda-errado-e-o-bebê-ficar-com-cocô-até-o-pescoço. Agora, tô até curtindo esse momento também. Mas mesmo nos tempos mais difíceis, contratar uma pessoa apenas pra trocar a neném não seria um capricho compatível com meu salário.
Foi isso que respondi: com ou sem babá, minhas madrugadas continuariam comprometidas pela fome de Sieninha. E pensei que mesmo quando acontece de relutar um pouquinho pra acordar às 3 da manhã, não é nada que dois minutos não resolvam. Só preciso disso pra voltar a estar nova e sem sono. Juro. Acho que a maternidade faz isso com a gente. Ela nos traz força, energia e saúde. Comentei outro dia com o Felipe como estava me sentindo saudável. Minha sensação é a de que uma gripe teria 0,0 chances contra mim no momento. E essa desenvoltura que adquiri pra viver normalmente de madrugada também é nova.
E nossas madrugadas não são apenas toleráveis, são quase uma delícia. Siena não dá trabalho algum. Só quer comer mesmo. Enquanto ela mama, eu dou um bom rolé no instagram (além das novidades da galera que eu sigo, naquela minha área aleatória de fotos de desconhecidos sempre aparecem lojinhas com roupinhas de bebê gringas e também bebês com síndrome de down, a maioria adotados, um assunto que tem me interessado muito.) e vejo bons programas inúteis. Taí uma vantagem de ser fã de programas toscos: A TV é cheinha desses nessa hora.
Fora quando a pequena tá com cólica.. isso acontece de vez em quando ali pelas 4 da manhã. Aí eu desisto do meu cochilo de 3 às 6, espero pra dormir mais tarde e vejo mais programa tosco enquanto a acalmo pra ela dormir no meu peito…